BOLETIM 04 – COVID-19 – CECOM 

Desde o início da pandemia pelo SARS-CoV-2, múltiplas variantes do vírus têm sido descritas.

À medida que acontece a replicação viral, ocorrem mutações (alterações no genoma viral) que podem resultar no aparecimento de novas variantes do vírus. Uma variante pode ser classificada de acordo com sua capacidade de transmissão, de causar doenças graves e mortes, ser sensível ou não aos anticorpos produzidos pela doença ou pela vacina ou por sua capacidade de resposta a anticorpos monoclonais em uso.1 As mais comuns são:

– Variante sendo Monitorada  (“Variant Being Monitored” – VBM) – Ex. Alfa, Beta , Gama – causaram ondas de Covid19, mas foram substituídas por outras variantes;

– Variante de Interesse (“Variant of Interest”- VOI) – apresenta marcadores genéticos que podem levar a alterações em sua transmissão, diagnóstico e resposta a medicamentos ou às vacinas, resultando em aumento do número de casos.

– Variante de Preocupação (“Variant of Concern” – VOC) – Atualmente Delta e Ômicron. Apresenta alterações que levam a um aumento na transmissibilidade, doença mais severa com aumento de internações e óbitos, redução de resposta a anticorpos produzidos por infecção prévia ou por vacinação, necessitando de rápidas medidas com relação a evitar a disseminação do vírus, aumentar a testagem e avaliar a eficácia de vacinas e tratamentos.

No período de 05/03/2020 a 31/01/2022 foram notificados, pelo CECOM, 17.360 casos de síndrome respiratória. Destes, 4.442 (25,6%) tiveram diagnóstico confirmado para COVID-19 por meio do RT-PCR (swab nasofaringe).

Os casos atendidos no CECOM distribuídos por categoria profissional/aluno e resultado de RT-PCR, estão representados na Tabela 1.

Tabela 1Distribuição dos pacientes com Síndrome Respiratória e resultado de RT-PCR para COVID-19 por categoria profissional/aluno atendidos no CECOM no período de 5/03/2020 a 31/01/2022

CATEGORIA PROFISSIONALRT-PCR DETECTÁVEL (N=4442)RT-PCR NÃO DETECTÁVEL (N=12689)Atendidos (com e sem coleta RT-PCR) (N=17360)
Técnico/Auxiliar de enfermagem 845 (19%)2.036 (16%)2.912 (16,8%)
Médico372 (8,4%)1.007 (7,9%)1388 (8%)
Enfermeiro281 (6,3%)719 (5,6%)1005 (5,8%)
Administrativo422 (9,5%)1.183 (9,3%)1.623 ( 9,3%)
Higiene e Limpeza147 (3,3%)395 (3,1%)560 (3,2%)
Alunos1.069 (24,1%)3.890 (30,6%)5.043 (29%)
Docente91 (2%)287 (2,3%)383 (2,2%)
Outros*1.215 (27,3%)3.172 (25%)4.446 (25,6%)

            *Outros: servidores das unidades de ensino/órgãos/núcleos e áreas essenciais.

 Segundo dados da Rede Alerta do Instituto Butantan, que iniciou o sequenciamento genômico do SARS-CoV-2 em janeiro de 2021, a variante Delta predominou até a 50ª semana epidemiológica, quando foi detectada pela primeira vez a Variante Ômicron. Na 52ª semana epidemiológica, esta variante já respondia por 90% das amostras positivas para a Covid 19.2

A vacinação contra Covid-19 no Cecom foi iniciada no dia 18/01/2021 para profissionais da área da Saúde e novos grupos foram sendo incluídos a partir de então. As vacinas utilizadas na Unicamp foram a Astrazeneca e Coronavac para primeira e segunda doses, e Astrazeneca e Pfizer para dose adicional.

O Gráfico 1 apresenta a prevalência do número de casos de Covid-19 em trabalhadores da saúde, trabalhadores que não são da saúde e alunos atendidos no CECOM no período de 5/03/2020 a 31/01/2022, de acordo com a progressão da vacinação para COVID-19 realizada no CECOM e com a predominância das diferentes variantes de SARS-Cov-2 na região de Campinas.

Como pode ser observado, após a introdução de uma nova variante do vírus, segue-se um aumento do número de casos de Covid-19. Com a introdução da variante ômicron, este aumento foi maior e mais rápido se comparado com as ondas anteriores

Gráfico 1 – Prevalência do número de casos de COVID-19 em trabalhadores da saúde, trabalhadores que não são da saúde e alunos atendidos no CECOM no período de 5/03/2020 a 31/01/2022, de acordo com a progressão da vacinação para COVID-19 realizada pelo CECOM e com a predominância das diferentes variantes na região de Campinas.

*A introdução de cada variante corresponde à semana epidemiológica do início dos sintomas.3

No período de predominância da variante Ômicron, os principais sintomas referidos pelos pacientes com RT-PCR detectável para COVID-19 no primeiro atendimento no CECOM foram: dor de garganta (23,1%), tosse (23,1%), coriza (21,5%), cefaléia (20,6%), febre (13,2%). Distúrbios gustativos, distúrbios olfativos e diarréia foram relatados por 240,195 e 71 pacientes respectivamente. Não houve internações ou óbitos nesse período.

Referências

  1. Centers for Disease Control and Prevention – SARS-Cov-2 Variant Classifications and Definitions. Dec.1, 2021
  2. Boletim Epidemiológico da Rede de Alertas – Instituto Butantan
  3. Departamento de Vigilância em Saúde (DEVISA) de Campinas/São Paulo

Elaborado pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Informática CECOM/Unicamp

Março de 2022